quinta-feira, 10 de setembro de 2015

SONHADA QUERÊNCIA




Queria que, de repente, tudo fosse diferente,
da vida que tenho aqui, da cidade ir-me embora,
Viver a vida de outrora, dos meus tempos de guri..

Queria que a minha casa fosse um ranchito campeiro,
Amigos, gente chegando,
E no fogão , um braseiro,
A carne gorda pingando, na festança do assado,
E a gaita velha tocando um xote bem compassado..

Que os espigões que nos cercam,
Fossem Umbus pro aconchego
Dos gaudérios assoleados, descansando nos pelegos,

Que buzinas, telefones, ruídos que nos consomem,
Martirizando a existência,
Fossem cantores, nativos,
anunciadores de uma sonhada querência,

Queria que, de repente, tudo fosse diferente,
da vida que tenho aqui,
Da cidade ir-me embora, viver a vida de outrora,
dos meus tempos de guri.

A cambona no costado, do forte calor do fogo,
no terreiro o eterno jogo do sol nascendo e se pondo...
De mão em mão o porongo, no apojo do mate amargo..
Um cusco junto comigo,
Olfateando pro churrasco...
Ouvindo o bater dos cascos, de alguém que ao longe se vai ...
Pisando o treval maduro, das barrancas do Uruguay ..

Queria que, de repente, tudo fosse diferente,
Da vida que tenho aqui, da cidade ir-me embora,
Viver a vida de outrora, dos meus tempos de guri ...



CACO COELHO
gentileza de Beto Coelho

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